Mostra Destrua-se: Maio de 68 no cinema

A partir de 3 de maio, a Cinemateca Capitólio Petrobras apresenta a mostra Destrua-se – Maio de 1968 no cinema, com filmes realizados no calor dos acontecimentos, durante a ebulição francesa do período, e reflexões posteriores que trazem novos olhares aos eventos de Maio de 1968. Há títulos de grandes cineastas como Jean-Luc Godard, Philippe Garrel, Chris Marker, Alexander Kluge, além de obras essenciais como os documentários Morrer aos 30 Anos, de Romain Goupil e No Intenso Agora, de João Moreira Salles. O valor do ingresso é R$ 10,00, com meia entrada para estudantes e idosos. As sessões com debate têm entrada franca.

Um dos grandes destaques da mostra é a apresentação de três filmes do grupo Zanzibar, um movimento de jovens cineastas franceses, atuantes no final dos anos 1960 e início dos anos 1970, que buscava estabelecer a ponte entre a Nouvelle Vague e o cinema underground norte-americano, em uma sintonia radical e experimental com as faíscas mais desconcertantes de Maio de 1968. No sábado, 12 de maio, às 19h30, acontece a sessão de um dos principais filmes do movimento, Acéfalo, de Patrick Deval, e logo após a projeção uma edição do Débats d'idées da Aliança Francesa de Porto Alegre com a presença do artista inglês Michael Chapman, um dos atores da obra, do diretor e curador Renato Coelho. A mediação será feita pelo jornalista Roger Lerina.

No dia 15 de maio, terça-feira, às 19h30, outra sessão especial apresenta Perplexos: Artistas na Cúpula do Circo, um dos primeiros longas do diretor alemão Alexander Kluge, filme essencial do pensamento político cinematográfico dos anos 1960. Após a exibição, acontece um debate com Gabriela Linck, pesquisadora da obra do diretor alemão.   

A mostra Destrua-se – Maio de 1968 no cinema é uma realização da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia de Porto Alegre, em parceria com a Embaixada da França, a Cinemateca da Embaixada da França no Brasil, o Institut Français e o Goethe-Institut Porto Alegre.

FILMES

 

WEEK-END (WEEKEND À FRANCESA) dir. Jean-Luc Godard, 1967, 105 min. Exibição em HD

Um casal ambicioso e inescrupuloso planeja uma viagem ao interior da França, na tentativa de conseguir uma herança. No meio do caminho, encontra estradas completamente engarrafadas, acidentes automobilísticos graves, personagens de histórias infantis e guerrilheiros. O que se segue é uma constante e complexa reflexão sobre o modo de vida burguês e os contrastes sociais sublinhados pela sociedade de classes.

 

LA CHINOISE (A CHINESA) dir. Jean-Luc Godard, 1967, 96 min. Exibição em HD

Paris, Verão de 1967. Alguns tentavam aplicar os princípios que romperam com a burguesia da URSS e dos partidos comunistas ocidentais em nome de Mao Tsé-Tung. Imersos no pensamento de Mao e em literatura comunista, um grupo de estudantes franceses começa a questionar a sua posição no mundo e as possibilidades de o mudar, mesmo que isso signifique considerar o ter- rorismo como uma via possível.

 

ONE PLUS ONE dir. Jean-Luc Godard, 1968, 99 min. Exibição digital

Em um arranjo polifônico e ensaístico, Jean-Luc Godard combina documentário e encenações ficcionais alternando o registro dos Rolling Stones durante os ensaios e gravações da canção Sympathy for the devil com discursos e ações sobre política e estética no fulgurante ano de 1968.

 

LE FOND DE L’AIR EST ROUGE (O FUNDO DO AR É VERMELHO) dir. Chris Marker, 1977, 180 min. Exibição digital.

As esperanças e as decepções suscitadas pelos movimentos revolucionários de 68 no mundo inteiro. Desde o regime chinês ao cubano, passando pela Primavera de Praga ou os movimentos estudantis e operários franceses, Marker nos relembra constantemente que não se pode simplificar o que nada tem de simples: as manifestações populares, os movimentos da política, os rumos incertos da História e da sociedade. O filme é composto por duas partes: "As mãos frágeis" e "As mãos cortadas", ambas com 90 min (versão de 1998). Com as vozes de: Jim Broadbent , Cyril Cusack , Laurence Guvillier, Davos Hanich , François Maspero, Yves Montand François Périer Sandra Scarnati Jorge Semprún Simone Signoret.

 

À BIENTÔT, J’ESPÈRE (ATÉ LOGO, EU ESPERO) dir. Chris Marker, 1967, 45 min. Exibição digital

Em 1967, uma greve de um novo gênero (ocupação, reivindicações, animação cultural) eclode na usina Rhodiaceta em Besançon. A reportagem foi julgada inaceitável pela ORTF (órgão público de rádio e TV francês da época) que a proibiu. Ao término de um interessante confronto, ele é exibido, junto com um debate entre gente séria, que acrescenta algo ao pitoresco desta aventura e que será mostrado aqui pela primeira vez.

 

MORRER AOS TRINTA ANOS (Mourir à Trente Ans) dir. Romain Goupil, 1982, 96 min. Exibição digital

Em 1968 eles são já dois militantes empenhados e estão totalmente envolvidos nos acontecimentos de Maio. Goupil é um militante esquerdista, activo na LCR, mas continua a filmar tudo. É com esse material que, muitos anos mais tarde, ele fará este filme. O seu amigo Michel suicidou-se e essas imagens que Romain nunca parou de fazer vão servir para construir este filme inesquecível, que é tanto uma homenagem ao seu amigo precocemente desaparecido como sobretudo o retrato comovente de uma geração que se envolveu de uma forma radical na militância política, quando se pensava que o mundo podia mudar e que isso só dependeria do envolvimento daqueles que o queriam fazer…

 

PERPLEXOS: ARTISTAS NA CÚPULA DO CIRCO (Die Artisten in der Zirkuskuppel: ratlos) dir. Alexander Kluge, 1967, 104 min. Exibição digital.

Como seu pai antes dela, a dona de circo Leni Peickert (Hannelore Hoger) também quer levar o desempenho artístico a seu ponto máximo. Ao mesmo tempo, seu ideal é a naturalidade. Ela quer mudar o circo, mas suas inovações levam a empresa à bancarrota. “Se o capitalista faz aquilo de que gosta,/ e não aquilo que lhe traz vantagem,/ Não recebe apoio de ninguém”. Revigorada, Leni Peickert busca uma segunda chance, agora na televisão comercial. Leão de Ouro no Festival de Veneza.

 

NO INTENSO AGORA dir. João Moreira Salles, 2017, 127 min. DCP

Feito a partir da descoberta de filmes caseiros rodados na China em 1966, durante a fase inicial da Revolução Cultural, No intenso agora investiga a natureza de registros audiovisuais gravados em momentos de grande intensidade. Às cenas da China somam-se imagens dos eventos de 1968 na França, na Tchecoslováquia e, em menor quantidade, no Brasil. As imagens, todas elas de arquivo, revelam o estado de espírito das pessoas filmadas e também a relação entre registro e circunstância política.

 

GRUPO ZANZIBAR

Realizados de maneira praticamente clandestina e raros até os dias de hoje, os filmes do Grupo Zanzibar refletem, de alguma maneira, o espírito daqueles tempos de maio de 1968, quando a França viveu uma grande onda de protestos contra o governo, que culminaram numa greve geral. Na época, muitos dos filmes eram exibidos na calada da noite, por Henri Langlois, na Cinemateca Francesa.

O Grupo Zanzibar foi um movimento de jovens cineastas franceses, atuantes no final dos anos 1960 e início dos anos 1970. Essa geração de realizadores, também conhecida como “Zanzibar Films”, tinha a intenção sincera de mudar o cinema francês e estabeleceu a ponte entre a Nouvelle Vague e o cinema Underground norte-americano, refletindo um extraordinário momento dentro da história e do cinema de vanguarda. Fizeram parte desse movimento relevantes nomes do cinema francês, como Philippe Garrel, Jack Raynal e Patrick Deval (fundador, com Serge Daney, da revista "Visage du Cinéma”), entre outros.

 

FILMES

 

ACÉPHALE (ACÉFALO) dir. Patrick Deval 1968, 56 min, 35mm, PB Exibição digital

O filme narra o desejo após maio de 68 de jovens marginais em cortar a cabeça de um homem.

 

DEUX FOIS (DUAS VEZES) dir. Jackie Raynal 1969, 72 min, 35mm, PB Exibição digital

A realizadora Jackie Raynal se coloca dentro do filme para se reinventar por e com ele.

 

DÉTRUISEZ-VOUS (DESTRUA-SE) dir. Serge Bard 1968, 70 min, 35mm, PB Exibição digital

O estudante de antropologia na universidade de de Nanterre, Sege Bard, larga a faculdade no fim de 1967, por considerá-la alienante. O filme surge então como um anúncio do que viria a ser o maio de 68, feito em abril, cujo título vem de um grafite: 'Aidez-nous: detruisez-vous'.

 

GRADE DE HORÁRIOS PROVISÓRIA

3 a 16 de maio de 2018

  

03 de maio (quinta)

20h – Weekend à Francesa

 

04 de maio (sexta)

20h – A Chinesa

 

5 de maio (sábado)

18h – Até Logo, Eu Espero 

19h – O Fundo do Ar é Vermelho

 

6 de maio (domingo)

18h – Mai 68, Un étrange printemps

20h – One Plus One

 

8 de maio (terça)

18h – Weekend à Francesa

20h – Morrer aos Trinta Anos

 

9 de maio (quarta)

18h – A Chinesa

20h – Mai 68, Un étrange printemps

 

10 de maio (quinta)

18h – One Plus One

20h – No Intenso Agora

 

11 de maio (sexta)

18h – Morrer aos Trinta Anos

 

12 de maio (sábado)

18h – Destrua-se

19h30 – Acéfalo + debate

 

13 de maio (domingo)

17h30 – Duas Vezes

19h – Amantes Constantes

 

15 de maio (terça)

18h – Mai 68, Un étrange printemps

19h30 – Perplexos: Artistas na Cúpula do Circo